domingo, 13 de novembro de 2011

Ouro na Cabeça


Estudantes brasileiros se destacam em competições científicas e profissionais, e trazem medalhas inéditas para casa



Talita Boros






Enquanto  atletas brasileiros festejam as medalhas nos Jogos Pan-Americanos de 2011, em Guadalajara, México, outros competidores, quase anônimos, também levantam a bandeira do Brasil em importantes competições internacionais. Bem menos conhecidas e divulgadas do que os tradicionais eventos esportivos, as olimpíadas científicas e profissionais revelam o talento de jovens dos ensinos médio e profissionalizante, e mostram que o potencial brasileiro vai muito além dos gramados, quadras e piscinas.


Entre todas as modalidades, a Olimpíada Internacional de Matemática (IMO) é a mais tradicional. Realizada desde 1959, a competição deste ano reuniu representantes de 101 países. Com a boa colocação (o Brasil ganhou seis medalhas), o País passou do 35º no ranking em 2010 para o 20º lugar. O mineiro André Macieira Braga Costa, de 15 anos, foi um dos que trouxeram uma medalha (de prata) para casa. Aluno do 1º ano do ensino médio, ele conta que começou a participar de competições nacionais por acaso, mas depois tomou gosto pelas provas. “Quando entrei na 5ª série, participei pela primeira vez. Ganhei uma medalha de cara e isso me animou. Antes, não gostava tanto de matemática”, diz.


Decidido a seguir carreira por um dos ramos da Engenharia, Costa destaca a importância das olimpíadas científicas para quem deseja estudar fora do Brasil. “A olimpíada é uma oportunidade para se destacar e conseguir uma bolsa. Não pretendo estudar fora, mas tenho colegas de equipe que querem. Tenho certeza que vão conseguir por causa da olimpíada. É uma grande chance”, diz. Para participar de uma competição internacional científica, independentemente da modalidade, normalmente é preciso obter boa colocação nos jogos brasileiros. Só assim estará apto a disputar vagas para representar o País.


A cada edição das competições internacionais o desempenho do Brasil melhora. Este ano, Gustavo Haddad Braga, aluno do 3ª ano do Ensino Médio do Colégio Objetivo, em São Paulo, trouxe para o País a primeira medalha de ouro na Olimpíada Internacional de Física (IPhO), realizada em julho na Tailândia. Além dele, Felipe Abella Cavalcante Mendonça de Souza, aluno da Universidade Federal de Campina Grande, foi o primeiro brasileiro a levar o ouro na Olimpíada Internacional de Informática.


Além das competições científicas, o Brasil foi o segundo colocado geral no WorldSkills 2011, o maior torneio de formação profissional do mundo, realizado em Londres. Os competidores brasileiros, alunos do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), ganharam seis medalhas de ouro, três de prata e duas de bronze. O carioca Rodrigo Ferreira da Silva, de 20 anos, foi um dos responsáveis pelas medalhas de ouro, na categoria “joalheria”. Rodrigo descobriu a profissão   ao visitar uma loja do segmento onde o pai era recepcionista. “No tour  para os filhos dos funcionários, vi os ourives trabalhando e, naquele momento, tive certeza do que seria na vida”, diz Silva. Seu grande sonho é mostrar ao mundo o talento do joalheiro. “A mão de obra na área é cada vez mais escassa no País, as empresas buscam lá fora o que podem achar aqui. Luto para que esse quadro se reverta”, enfatiza o rapaz.


Até 2014, o governo federal vai conceder 100 mil bolsas de intercâmbio a estudantes em modalidades do nível médio ao pós-doutorado, pelo programa “Ciência sem Fronteiras”. A  meta é incentivar a inovação tecnológica no País e o registro de patentes. O programa receberá R$ 3,6 bilhões em investimentos e, entre as oportunidades, há vagas para alunos premiados em olimpíadas.

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