Leve a Sério: Ria
Cientistas provam que dar risada reforça o sistema imunológico, diminui a dor, melhora o sono e protege o coração. Agora não faltam mais motivos para sorrir

Quando sua avó dizia “rir é o melhor remédio”, ela estava coberta de razão. Diversos estudos estão trazendo luz ao tema e provando que meia dúzia de gargalhadas surte mais efeito do que uma cartela inteira de remédios. Um dos mais recentes , feito pela Universidade de Oxford, na Inglaterra, mostrou que pessoas que riem sentem menos dor.
“Quando rimos, nosso organismo passa por uma série de alterações biológicas. A hipófise [glândula que produz diversos hormônios] libera opiáceos, hormônios que agem contra a dor e aumentam a produção de células de imunidade. Essa ação faz com que o nível de cortisol, o ‘hormônio do estresse’, seja drasticamente reduzido. No nosso estudo, constatamos uma concentração 27% maior de endorfina [considerada um analgésico natural] nos indivíduos expostos a vídeos engraçados do que no grupo que ficou em uma sala lendo revistas”, conta o médico neurologista Lee Berk, um dos maiores estudiosos do tema, da Universidade Loma Linda, na Califórnia (EUA).

O estudo dos pesquisadores de Oxford foi parecido, porém, um grupo assistiu a comédias e outro a vídeos de golfinhos. Depois, ambos foram expostos a dores moderadas, como suportar um saco de gelo sobre o braço. Observou-se que as pessoas que passaram pela sessão de riso sentiam 10% menos dor.

“Ele assistia a comédias e todos que o visitavam no hospital tinham que lhe contar uma piada. Ele notou que 10 minutos de boas gargalhadas lhe rendiam 2 horas de sono. Percebeu, também, que suas inflamações estavam diminuindo. Cousins se curou e escreveu o livro, inspirando milhares de estudiosos e seguidores da terapia do riso”, conta o advogado Marcelo Pinto, de 46 anos, que incorpora o palhaço Doutor Risadinha.
Um dos precursores na arte de levar alegria para ajudar doentes é o médico norte-americano Hunter “Patch” Adams, que ficou famoso pelo filme estrelado por Robin Williams nos anos 90. “Patch” não defende o riso, mas o estreitamento entre relações humanas e mais amor entre as pessoas. “Ele levou palhaços a hospitais e acredita no humor, mas defende que são os laços de amizade que nos fortalecem, e que o riso é uma maneira de compartilhar a felicidade com quem você ama. É uma maneira positiva de encarar a vida, sendo solidário, gentil e amável com todos. O sorriso é um parceiro da gentileza”, defende a psicóloga Ana Cláudia de Camargo, que estuda a influência do humor em tratamentos médicos. “Uma pessoa feliz é mais otimista, tem mais facilidade de acreditar na vida e nas coisas boas que ela pode nos proporcionar”, completa.

É de um desses grupos descendentes que André Sousa Barros, de 32 anos, faz parte. O perfumista é voluntário na organização não governamental Presente de Alegria, que visita asilos, orfanatos, hospitais e escolas, carregando uma farmácia de alegria. “Alegria é contagiante e é o melhor remédio, cura doenças do corpo e da alma. É incrível o poder de transformação que um nariz vermelho traz”, diz André, que atende pelo nome de palhaço Chucrute. Porém, é sempre importante ressaltar que “o riso é um tratamento coadjuvante, não se deve abandonar tratamentos químicos prescritos pelos médicos”, diz o doutor Lee Berk.
Militante do riso cria o Clube da Gargalhada

“Montei um site para espalhar esses benefícios. Depois, comecei a fazer trabalho voluntário em um hospital com o palhaço Doutor Sol Riso, mas as crianças só me chamavam de ‘Risadinha’. Foi delas que veio o nome. Depois, vieram palestras, atividades em escolas, livros, trouxemos o Clube da Gargalhada para São Paulo, fundamos o Instituto do Riso, tudo para difundir a prática”, conta.
O Clube da Gargalhada descende do Clube do Riso, fundado na Índia em 1995 pelo médico Madan Kataria e com mais de 6 mil filiais pelo mundo. A ideia é juntar pessoas para gargalhar sem motivo, contando piadas ou não. “Ensinamos até como despertar a gargalhada nas pessoas. Não precisa de motivo pra rir”, afirma o advogado.
Mas o trabalho que tem gerado mais resultados é o projeto “InseRir”, que usa o riso como forma de diminuir o bullying nas escolas. “Uma criança ri, em média, 400 vezes por dia, e um adulto 20 vezes. Se conseguirmos mantê-las contentes vida afora, serão adultos mais risonhos. Além disso, ensinamos a rir com as pessoas, não das pessoas. E, se um amigo te dá permissão para rir dele, você também tem de dar permissão para ele rir de você”, ensina. O trabalho é voluntário e quem quiser participar ou levar o clube do riso para sua cidade pode saber mais pelo site www.doutorrisadinha.com.br.
Os animais também sorriem


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