Sem vergonha
Vídeos denunciam casos de atentado ao pudor no transporte
público. Em SP, por exemplo, ocorre, em média, um caso a cada 3 dias.
Especialista sugere: grite e denuncie
Raul Andreucci
O transporte
público brasileiro ganhou fama nos últimos meses por ser palco de
situações, no mínimo, embaraçosas e tentativas descaradas de agressão
sexual. Na mais recente, em São Paulo, as câmeras de um trem mostraram
um casal aproveitando o vagão vazio para fazer sexo despreocupadamente
por 10 minutos.
Valdir Rosa, titular da Delegacia de
Polícia do Metropolitano, afirmou nunca ter visto nada parecido e
destaca que o mais frequente mesmo são as encostadas, a exibição do
pênis ou agressões sexuais. Só nos 4 primeiros meses deste ano, foram 40
denúncias de "importunação ou atos que atentem contra a tranquilidade
sexual das mulheres" – uma média de um caso a cada 3 dias.
Em julho
passado, dentro de uma estação do metrô paulista, a polícia prendeu um
homem por tentativa de estupro. Uma mulher de 34 anos subiu as escadas
da estação, acompanhada pelo desconhecido, e em seguida, desceu correndo
para chamar os seguranças.
É exatamente
isso o que se recomenda: pedir ajuda e, se preciso, gritar. Como sugere
Thandara Santos, membro da Marcha Mundial da Mulher, o melhor é "mostrar
para todo mundo o que está acontecendo". Afinal, a sensação de
impunidade pode induzir à continuidade desse comportamento.
Em fevereiro,
no Rio de Janeiro, um homem violentou uma menina de 12 anos no fundo de
um ônibus. Só foi descoberto quando tentou molestar outra vítima.
Neste caso, o
importante foi o depoimento da garota, mesmo após o trauma. Medo e
vergonha inibem algumas mulheres. A Secretaria de Segurança Pública de
São Paulo, por exemplo, contabilizou 163 estupros consumados só nos 3
primeiros meses do ano. Imagine quantos mais deixaram de ser relatados.
As dicas
oficiais geralmente falam em tomar cuidado com locais vazios, pedem que
se preste atenção a indivíduos estranhos e até sugerem roupas discretas.
Thandara, porém, acredita que essas condutas indicam "culpa da mulher".
Para ela, "nada justifica o abuso e o mais importante é nos sentirmos
unidas e fortalecidas para fazer o que quiser". As vítimas também podem
denunciar o abuso na Central de Atendimento à Mulher, pelo telefone 180,
que funciona em todo o País.
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