quarta-feira, 16 de maio de 2012

Sem vergonha

Vídeos denunciam casos de atentado ao pudor no transporte público. Em SP, por exemplo, ocorre, em média, um caso a cada 3 dias. Especialista sugere: grite e denuncie
Raul Andreucci


O transporte público brasileiro ganhou fama nos últimos meses por ser palco de situações, no mínimo, embaraçosas e tentativas descaradas de agressão sexual. Na mais recente, em São Paulo, as câmeras de um trem mostraram um casal aproveitando o vagão vazio para fazer sexo despreocupadamente por 10 minutos.

Valdir Rosa, titular da Delegacia de Polícia do Metropolitano, afirmou nunca ter visto nada parecido e destaca que o mais frequente mesmo são as encostadas, a exibição do pênis ou agressões sexuais. Só nos 4 primeiros meses deste ano, foram 40 denúncias de "importunação ou atos que atentem contra a tranquilidade sexual das mulheres" – uma média de um caso a cada 3 dias.

Em julho passado, dentro de uma estação do metrô paulista, a polícia prendeu um homem por tentativa de estupro. Uma mulher de 34 anos subiu as escadas da estação, acompanhada pelo desconhecido, e em seguida, desceu correndo para chamar os seguranças.

É exatamente isso o que se recomenda: pedir ajuda e, se preciso, gritar. Como sugere Thandara Santos, membro da Marcha Mundial da Mulher, o melhor é "mostrar para todo mundo o que está acontecendo". Afinal, a sensação de impunidade pode induzir à continuidade desse comportamento.


Em fevereiro, no Rio de Janeiro, um homem violentou uma menina de 12 anos no fundo de um ônibus. Só foi descoberto quando tentou molestar outra vítima.

Neste caso, o importante foi o depoimento da garota, mesmo após o trauma. Medo e vergonha inibem algumas mulheres. A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, por exemplo, contabilizou 163 estupros consumados só nos 3 primeiros meses do ano. Imagine quantos mais deixaram de ser relatados.

As dicas oficiais geralmente falam em tomar cuidado com locais vazios, pedem que se preste atenção a indivíduos estranhos e até sugerem roupas discretas. Thandara, porém, acredita que essas condutas indicam "culpa da mulher". Para ela, "nada justifica o abuso e o mais importante é nos sentirmos unidas e fortalecidas para fazer o que quiser". As vítimas também podem denunciar o abuso na Central de Atendimento à Mulher, pelo telefone 180, que funciona em todo o País.

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