sábado, 21 de julho de 2012

Família: o berço de tudo

Pais e filhos juntos ainda formam a base da sociedade moderna. É importante criar rotinas que promovam o convívio e fortaleçam os laços dessa união, para enfrentar as dificuldades da vida

Para o Código Civil, a união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família, é reconhecida como entidade familiar. Mas, muito além do que está previsto juridicamente, a família é realmente a base de tudo e seu fortalecimento impulsiona o crescimento pessoal e, consequentemente, do País. É o que revela pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no Censo 2010.


"O papel da família na reprodução da sociedade é muito significativo. É na família que a renda é reunida para organizar um orçamento comum que satisfaça as necessidades de cada membro. A renda adquirida pela família é, basicamente, o que define suas possibilidades de aquisição de bens e serviços. Nessa medida, a renda familiar per capita é um indicador bastante eficaz para caracterizar o perfil socioeconômico das famílias brasileiras", diz o IBGE.


Diante dessa linha de interpretação, no que depender da expectativa das famílias, o crescimento do Brasil está indo bem. O otimismo das famílias brasileiras com a situação atual da economia do País atingiu no início de 2012 o maior patamar em 18 meses, segundo o IEF (Índice de Expectativa das Famílias) do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). Essa expectativa é feita em cima de itens como a situação econômica do Brasil, a condição financeira para o futuro e a segurança no mercado de trabalho.


Um levantamento mais recente feito pelo Datafolha sobre o tema mostra que o percentual dos brasileiros que dizem que a família é muito importante em suas vidas subiu de 61% para 69%, passando a ocupar o primeiro lugar num ranking que inclui, entre outros itens, estudo, trabalho e dinheiro. Manter um relacionamento próximo com os pais, por exemplo, é considerado muito importante para 78% dos entrevistados, sendo que 20% acham essa proximidade importante. Ou seja, 98% dos brasileiros primam pela preservação das famílias.


Para preservar a união das famílias, algumas dicas simples são bem úteis. Estudos feitos pelo Centro Nacional de Dependência e Abuso de Substâncias da Universidade de Columbia, nos EUA, mostram que crianças em famílias que comem reunidas pelo menos três vezes por semana têm um risco mais baixo de abuso de álcool e substâncias ilícitas e têm mais chances de tirar melhores notas na escola. Especialistas dizem que criar um ritual de refeição familiar é um jeito de trazer estrutura para a vida de uma criança e pode ajudar a desenvolver um senso de tranquilidade e segurança. Além disso, segundo o estudo, é o melhor jeito de cristalizar uma alimentação saudável desde a infância.


A aproximação entre os entes também beneficia a educação dos filhos, formando um círculo virtuoso. "Eu já conversei com muitos professores e está na cara que os melhores alunos são sempre aqueles que são acompanhados de perto pelos pais, que a mãe verifica se fez lição e até ajuda, se necessário. Quando isso acontece o aluno vai melhor na escola. Mas o tipo de acompanhamento não é só a cobrança por nota. Tem que conversar no dia a dia, ver se fez a lição e estabelecer alguma rotina na hora da lição. Não faz mal se não há lição: ele pode aproveitar e ler. Se for obedecido todo dia, vira hábito e nem vai mais precisar cobrar", indica o doutor em educação e palestrante da Educar Educador 2012, Marcos Meier, fazendo ainda um alerta para quando ocorrer a separação dos pais.




"Quando os pais se separam, a criança passa por período de readaptação e mostra sua revolta contra a separação ou que sente culpa. A orientação é que se converse e explique que não é culpada. Pode ocorrer de cair a nota na escola e ela ficar mais irritável por até 6 meses. Por isso, quando isso acontece, os pais têm de explicar, para a escola dar uma atenção."


Mais do que a queda de rendimento de uma criança na escola, o reflexo da separação ou da perda de um líder numa família pode ser devastador. O limpador de vidros Thiago dos Santos, de 25 anos, quase se perdeu no caminho das drogas. Depois de perder o pai e dois irmãos para o vício, o jovem passou 8 anos usando maconha e cocaína, mas foi salvo pelas irmãs e pela mãe, a cozinheira Marineide Maria dos Santos, que hoje tem orgulho do filho, trabalhador e livre do vício há 5 meses.


"Depois que perdi meu marido e enteados, conversamos e deixei claro: seríamos os quatro lutando como se fossemos um só. Deu certo. Sofri muito, até deixei que ele fumasse maconha em casa para que ficasse perto de mim. Foi duro, mas valeu. Aprendi que nunca podemos desistir dos filhos: eles são dádivas em nossas vidas. Hoje ele só me dá alegria", diz, emocionada, dona Marineide.


A distância da família também deixou vulnerável o então adolescente Laércio Gonçalves de Jesus Júnior. Quem vê o hoje auxiliar de máquinas de 20 anos trabalhando duro, não imagina que há 3 anos ele era um adolescente que vivia fumando maconha e cheirando lança-perfume. A união da família também salvou Bruno Castellon. Aos 22 anos, hoje ele é pai e trabalha num hotel na Avenida Paulista, numa reviravolta inimaginável para muitos, mas não para os seus pais. "A família é muito importante. Unidos, enfrentamos as dificuldades e com diálogo nos ajudamos", diz Andreia Castellon, de 41 anos, lembrando o período em que via Bruno roubar pertences da família e se sentia humilhada ao ouvir os vizinhos chamá-lo de "noia". Andreia conta cheia de orgulho que, ao lado do marido, o médico Mário Castellon, ganhou a batalha para livrar Bruno do vício.




Convívio com avós também é essencial


A palavra "família" de imediato nos remete a pai, mãe e filhos. Esquecemos que, além deste núcleo principal, há a família anterior a esta, iniciada pelos avós. O convívio com eles, segundo pesquisa da Universidade de Concordia, do Canadá, é essencial para manter a família unida.


O ideal, explica o estudo, é que se criem oportunidades para o estreitamento de laços. E, para isso, mais do que grandes almoços em família, por exemplo, é importante a realização de atividades em conjunto. De trabalhos manuais, como jardinagem, a lúdicos, como jogar baralho.


Nestes momentos os mais velhos dividem histórias de família, lições de vida e experiências pessoais. "Passam adiante valores de família, tradições e enfatizam a importância da união", explica o autor do estudo, Shannon Hebblethwaite.


Do outro lado, os mais novos ensinam o que há de mais atual no mundo. "Alguns avós aprenderam a usar o e-mail e outras formas de se conectar ao mundo com os netos", acrescenta. "Dividir o conhecimento nessas horas é o que permite o fortalecimento do elo."

Fonte: F.U

Nenhum comentário:

Postar um comentário