domingo, 27 de novembro de 2011

Já é hora de denunciar

Poucas mulheres têm coragem para falar sobre agressões e abusos. Campanha propõe mobilização nacional contra covardia
Vanessa Sendra

A cada dia de setembro, 194 mulheres registraram boletim de ocorrência por lesão corporal em São Paulo. Isso significa que – oficialmente – a cada hora, oito mulheres foram agredidas. Na grande maioria dos casos, em São Paulo e no Brasil, o agressor é o marido ou o companheiro. Segundo dados da Fundação Perseu Abramo, 56% dos casos de violência contra a mulher são causados por eles.  No Brasil, uma em cada cinco mulheres já foi agredida pelo menos uma vez. E apesar de o País possuir legislação específica para tratar a violência contra mulher, delegacias especializadas e intensa mobilização da sociedade civil, menos da metade das mulheres agredidas procuraram ajuda.


Eliana Passarelli, promotora de Justiça Criminal que atua na Vara de Violência Doméstica da zona oeste de São Paulo, aponta que o que impede as mulheres de denunciar é a pressão social e, às vezes, até familiar. “Há ainda a dependência financeira, que faz com que elas pensem que não têm para onde ir; e achar que não vão ser acreditadas, pois não há testemunhas”, diz. Antes de 2006, quando foi promulgada a Lei Maria da Penha para punir os autores desse tipo de crime, não havia nenhuma legislação para defender as mulheres. Segundo o Conselho Nacional de Justiça, até julho de 2010,  foram sentenciados 111 mil processos e distribuídos mais de 330 mil procedimentos sobre o assunto. Além disso, foram realizadas 9,7 mil prisões em flagrante e decretadas 1.577 prisões preventivas de agressores.




Para facilitar as denúncias, há Central de Atendimento à Mulher, conhecido por Disque 180. O serviço funciona 24 horas por dia, de segunda a domingo, inclusive feriados, e a ligação é gratuita. Segundo a Secretaria de Políticas para as Mulheres, em 5 anos, o serviço recebeu quase 2 milhões de ligações. A maior parte de mulheres de São Paulo, Bahia e Minas Gerais. Apesar das inúmeras ferramentas, muitas ainda preferem o silêncio.

A Organização das Nações Unidas (ONU) aponta a violência contra a mulher como uma “pandemia global”. Uma em cada três mulheres do planeta já sofreu agressão física ou sexual em sua vida. Ou seja, 70% da população feminina mundial já foi espancada, coagida sexualmente ou vítima de abuso.

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