terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Rumo à Independência


Depois da casa própria, o sonho de muitos é abrir um negócio. Conheça casos de sucesso e avalie se você tem perfil de empreendedor






O brasileiro é empreendedor. Entre 2001 e 2009, 2,7 milhões de pessoas dispensaram o chefe e passaram a administrar seu próprio micro ou pequeno negócio, segundo o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Juntos, os 22,9 milhões de empreendimentos deste tipo são responsáveis por 20% do Produto Interno Bruto e por 50% de toda a mão de obra formal do País.    


Apesar da grandeza dos números, dados do Instituto de Geografia e Estatísticas (IBGE) apontam que 24% das empresas fecham no primeiro ano de vida no Brasil.  Para não fazer parte desta estatística, é importante tomar algumas precauções e estar sempre pronto para o plano B.


Além do impacto na economia, as pequenas empresas representam a independência daqueles que se arriscam a empreender. O professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e consultor de empresas, Claudemir Galvani, explica que existem empreendedores de dois tipos, os circunstanciais, levados ao acaso ao empreendedorismo, e os natos. “Os circunstanciais são praticamente empurrados a esse tipo de trabalho depois de uma demissão, por exemplo. Já os natos têm as características básicas bem desenvolvidas, sendo a mais importante delas a ausência de medo de ousar.”


Fernanda Trugilho arriscou. Formada em publicidade, ela prestava serviços para empresas e trabalhava em casa quando descobriu um negócio que começava a se proliferar no exterior, o coworking. A palavra inglesa significa ‘trabalhar junto’. Na pratica, profissionais que trabalham sozinhos passam a dividir um mesmo ambiente. Em vez de locar uma sala, alugam uma posição em um espaço compartilhado. “Eu me sentia muito frustrada de trabalhar sozinha, porque não tinha aquela convivência de ambientes de trabalho convencionais e sabia que outras pessoas tinham a mesma sensação. Quando li sobre o coworking percebi que batia com as minhas necessidades e então resolvi tentar”, conta.


Primeiro ela procurou os amigos que considerava mais empreendedores, já que nunca havia tentando abrir um negócio, mas eles não tinham a mesma empolgação. “Eu apresentava a ideia e as pessoas não entendiam. Mas eu tinha uma certeza dentro de mim. Você tem que conversar muito com as pessoas, mas não pode deixar elas te brecarem”. Quatro anos depois, o negócio é um sucesso. Fernanda já conta com mais de 70 clientes e a empresa já tem uma filial. “Mas ainda demora para recuperar tudo o que investimos. No segundo ano começou a dar lucro, mas com a abertura da outra unidade eu tive que reinvestir tudo”, disse.


Thais Mucher também resolveu empreender a partir de uma necessidade de seu cotidiano. “Eu e minha irmã somos veterinárias e adoramos pets. Meu cachorro sempre gostou de sorvete, mas eu sei que os convencionais não fazem bem a eles, por isso resolvi criar um específico”, diz. Com a ajuda do pai para o investimento inicial, elas mesmas desenvolveram uma receita. “Mas a gente acredita que só daqui a 2 anos a empresa vai estar se pagando e dando lucro. Muitas pessoas ficam deslumbradas com o aumento das vendas, mas é só um aumento na quantidade de produto vendido, não do lucro. Porque para atender a esse crescimento você precisa investir bastante.”


Passar essa fase difícil de maturação com equilíbrio é fundamental para o sucesso do empreendimento. “O conhecimento do negócio ajuda o empreendedor no controle da ansiedade quanto ao progresso do empreendimento, aos prazos de retorno do investimento, à evolução esperada da lucratividade e à consolidação da posição no mercado”, explica o diretor-técnico do Sebrae, Carlos Alberto dos Santos.


Provavelmente, o sucesso dos negócios de Fernanda e Thais, apesar das dificuldades enfrentadas, tem a ver com a qualificação e com o planejamento das duas microempreendedoras. Thais, além de conhecer as necessidades dos cachorros por ser veterinária, chegou a fazer um curso para aprender a fabricar sorvetes. Fernanda, por sua vez, encarou o aprendizado como parte obrigatória do processo. “Você tem de estar a fim de aprender as coisas legais e as chatas também”, acredita.


Descubra as principais características de um empreendedor e avalie se você as tem


Capacidade de planejar


Quem serão meus clientes e fornecedores? Quanto capital eu vou precisar? Antes de começar qualquer empreendimento é preciso sentar e escrever exatamente o que se quer e o que se precisa


Possuir reserva


Os negócios demoram um tempo para dar certo. Enquanto isso não acontece é preciso ter meios para viver e investir. Recorrer ao banco é sempre a pior escolha


Ter paciência


É fundamental saber que o retorno financeiro do investimento pode demorar


Se preocupar com capacitação


Para abrir qualquer negócio é preciso estar preparadao, conhecer bem o setor e estar apto a se aprimorar


Fonte: Folha Universal, Claudemir Galvani, economista da PUC/SP

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