domingo, 10 de junho de 2012

Pobreza e guerra

País comandado pelo mesmo presidente há 26 anos, convive com atrocidades cometidas por homem procurado internacionalmente 



Simpática, a bandeira de Uganda tem listras horizontais em preto, amarelo e vermelho que representam o povo, o sol e a fraternidade. Ao centro, dentro de um círculo branco, está o símbolo do país: uma ave rara, conhecida como "crowned crane", sinônimo de sorte. O detalhe está na cabeça do animal: uma boina militar.

Segundo a Agência de Inteligência Central (CIA), dos Estados Unidos, trata-se de uma homenagem ao exército do Reino Unido, de quem Uganda foi colônia até 1962. O quepe, porém, suscita muito mais o caráter beligerante do país africano, até hoje vítima de grande instabilidade política.

O presidente Yoweri Kaguta Museveni é o terceiro a desfrutar do poder. A despeito de sinais recentes de abrandamento até as eleições, ele rege o país com as mesmas mãos de ferro que o fizeram conquistar o posto há 26 anos. Mas o mundo parece ter dado uma trégua a ele, pelo menos enquanto não se extirpa um mal aparentemente maior: seu opositor, Joseph Kony.

O comandante do Exército da Resistência do Senhor, que se diz possuído pelo Espírito Santo e seguidor tão somente dos Dez Mandamentos, virou alvo de uma campanha internacional por sua prisão. Não porque domina o norte do país e regiões dos vizinhos Congo e Sudão, e sim por sequestrar crianças para se tornarem soldados ou escravos sexuais. O que, aliado a outras violências, o fizeram primeiro da lista de procurados do Tribunal Penal Internacional.

O documentário "Kony 2012", que se tornou a maior informação viral da história da internet, com pelo menos 100 milhões de acessos, chamou a atenção da mídia e ganhou a adesão de celebridades. A crescente pressão da opinião pública criou o pretexto para os EUA enviarem tropas a Uganda, de olho principalmente no petróleo. Na última semana, agências internacionais noticiaram que o cerco começou a se fechar sobre Kony. Ainda não se sabe se o país será beneficiado. Museveni deve seguir firme, com o apoio financeiro americano. A população, miserável – com o 8º maior percentual de aids (6,5%) do mundo –, provavelmente continuará a ter a média de idade de 15 anos.

Fonte F.U

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