Pobreza e guerra
País comandado pelo mesmo presidente há 26 anos, convive com atrocidades cometidas por homem procurado internacionalmente
Simpática,
a bandeira de Uganda tem listras horizontais em preto, amarelo e
vermelho que representam o povo, o sol e a fraternidade. Ao centro,
dentro de um círculo branco, está o símbolo do país: uma ave rara,
conhecida como "crowned crane", sinônimo de sorte. O detalhe está na
cabeça do animal: uma boina militar.
Segundo a Agência de Inteligência Central
(CIA), dos Estados Unidos, trata-se de uma homenagem ao exército do
Reino Unido, de quem Uganda foi colônia até 1962. O quepe, porém,
suscita muito mais o caráter beligerante do país africano, até hoje
vítima de grande instabilidade política.
O presidente
Yoweri Kaguta Museveni é o terceiro a desfrutar do poder. A despeito de
sinais recentes de abrandamento até as eleições, ele rege o país com as
mesmas mãos de ferro que o fizeram conquistar o posto há 26 anos. Mas o
mundo parece ter dado uma trégua a ele, pelo menos enquanto não se
extirpa um mal aparentemente maior: seu opositor, Joseph Kony.
O
comandante do Exército da Resistência do Senhor, que se diz possuído
pelo Espírito Santo e seguidor tão somente dos Dez Mandamentos, virou
alvo de uma campanha internacional por sua prisão. Não porque domina o
norte do país e regiões dos vizinhos Congo e Sudão, e sim por sequestrar
crianças para se tornarem soldados ou escravos sexuais. O que, aliado a
outras violências, o fizeram primeiro da lista de procurados do
Tribunal Penal Internacional.
O documentário "Kony 2012", que se
tornou a maior informação viral da história da internet, com pelo menos
100 milhões de acessos, chamou a atenção da mídia e ganhou a adesão de
celebridades. A crescente pressão da opinião pública criou o pretexto
para os EUA enviarem tropas a Uganda, de olho principalmente no
petróleo. Na última semana, agências internacionais noticiaram que o
cerco começou a se fechar sobre Kony. Ainda não se sabe se o país será
beneficiado. Museveni deve seguir firme, com o apoio financeiro
americano. A população, miserável – com o 8º maior percentual de aids
(6,5%) do mundo –, provavelmente continuará a ter a média de idade de 15
anos.
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